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Mas, afinal, será que, com saída de campo do iPhone mini, a ASUS consegue se tornar relevante em mais de um segmento além do gamer? Testei o Zenfone 9 por alguns dias e conto minha experiência neste review!
Construção e design
Contrariando praticamente todos os meus colegas de trabalho, os quais não curtiram o design do Zenfone 9, meu primeiro contato com o celular foi positivo: gostei de não haver nenhum módulo de câmeras padrão, apenas os dois sensores e o flash de LED, e do visual da tampa traseira. O fato de o Zenfone 9 ser extremamente compacto e leve também me agradou bastante — talvez eu esteja preferindo celulares pequenos em vez “tijolos” como Galaxy S22 Ultra ultimamente. Continuo achando essa categoria útil para quem tem mãos pequenas ou quer algo minimalista. No entanto, nem tudo são flores no Zenfone 9. Apesar de ter certificação IP68 para resistência contra água e poeira, a tampa traseira de plástico texturizado definitivamente não condiz com a categoria do aparelho, deixando a pegada robusta, pouco agradável ao toque. Também não curti as bordas da tela, muito espessas para um celular premium, tampouco do aro prateado ao redor da câmera frontal, uma solução mais simples para o espaço que muitos celulares mais básicos utilizam — um exemplo é o Galaxy S20 FE, de 2020. Sei que são detalhes que parecem irrelevantes, mas, comparando com outros modelos equivalentes, como o Galaxy S22, o iPhone 14 e o Xiaomi 12, acaba tendo um impacto negativo. Uma coisa que pode ser um diferencial, e agradar aos audiófilos de plantão, é o conector de 3,5 milímetros (mm) para fones de ouvido. A ASUS é a única que ainda inclui a entrada tanto na linha Zenfone como também na ROG Phone.
Tela
O Zenfone 9 utiliza uma boa tela Super AMOLED de 120 Hz. A taxa de atualização não é variável, como na linha Galaxy S22, mas o smartphone consegue ajustar o display em até 120 Hz conforme o conteúdo exibido. Assim como em outras telas da ASUS, o Zenfone 9 se destaca pela ampla gama de cores, deixando qualquer tipo de conteúdo simplesmente deslumbrante. A resolução Full HD estendida numa tela AMOLED de 5,9 polegadas também é muito agradável, então você não terá problema de visualização em ambientes com iluminação controlada. Onde a tela do Zenfone 9 decepciona é em ambientes externos, pois o brilho máximo de 1.100 nits é muito baixo para os padrões dos topos de linha. Se você estiver numa área aberta com luz do Sol direta no celular, dificilmente enxergará alguma coisa. O Galaxy S22 oferece uma experiência bem mais agradável nesse sentido.
Configurações e desempenho
A proposta do Zenfone 9 é ser pequeno no tamanho e grande nas possibilidades. Em especificações, é exatamente isso que o smartphone da ASUS entrega, sendo mais robusto que o Galaxy S22 Ultra 5G graças ao chipset Snapdragon 8+ Gen 1 e aos 16 GB de RAM. E tudo isso com quase metade da estatura do Galaxy. Ou seja, nem preciso dizer que o Zenfone 9 roda literalmente qualquer tarefa presente na Play Store com excelência, do pesado Genshin Impact com todas as configurações no máximo, até o mal otimizado Dead By Daylight. Obviamente, também não presenciei problemas em redes sociais e outras tarefas mais simples. Embora o celular seja impressionante em velocidade, senti que não utilizei metade do poder do chipset Snapdragon 8+ Gen 1 durante os testes, tampouco dos 16 GB de RAM. A interface ZenUI, baseada no Android 13, é extremamente básica, sem qualquer recurso de produtividade diferenciado ou modos de câmera complexos. O topo de linha da ASUS é potente, mas não aproveita todo o seu poderio com adições chamativas, como o modo DeX presente na linha Galaxy S22, ou o Ready For, da linha Motorola Edge, ambas permitindo ao usuário praticamente transformar o celular em um PC. O máximo que dá para fazer no Zenfone 9 é aumentar a velocidade do processador para melhorar a experiência nos jogos — e eu garanto a você que nem precisa, pois o celular já é incrivelmente rápido no modo padrão. O smartphone é como se fosse uma Ferrari muito veloz, mas sem os pneus adequados para atingir a velocidade máxima.
Sistema e interface
Ainda falando da interface presente no aparelho da ASUS, talvez tenha sido a parte que menos me empolguei. Além da falta de recursos de software, a ZenUI não tem uma identidade visual, ficando meio indeciso entre apostar no Android puro ou no design original da marca — isso ficou claro na possibilidade de modificar quase todo o sistema facilmente. Particularmente, preferi deixar o sistema com a cara do Android puro, já que a versão do Android 13 me agradou muito no Pixel 7 Pro. A central de notificações, as animações de carregamento e as transições de tela são bem suaves e fluidas. Tudo abriu extremamente rápido por aqui, sem qualquer sinal de engasgo. No momento que este review for ao ar, o Android 13 já estará disponível aos modelos brasileiros, o que é ótimo, pois a empresa nunca teve um bom histórico de atualizações do Android. Se seguir o cronograma prometido, o celular receberá, ainda, o Android 14. Poucas funções extras do Zenfone 9 são interessantes. Além do Game Genie, que permite controlar a velocidade do celular em jogos, é possível configurar uma ação para o botão de energia, a qual também funciona como leitor de digitais.
Câmeras
Principal: 50 MP, f/1.9, PDAF, gimbal OIS; Ultrawide: 12 MP, f/2.2, Dual Pixel PDAF; Selfie: 12 MP, f/2.5, Dual Pixel PDAF; Vídeo: 8K@24fps, 4K@30/60/120fps, 1080p@30/60/120 fps, 4K@30fps (frontal).
As câmeras do Zenfone 9 são geralmente competentes. A principal de 50 MP possui altíssimo nível de detalhe, alcance dinâmico (HDR) assertivo e cores bastante vivas. O pós-processamento não é nada agressivo e acerta na maioria dos cenários, balanceando o contraste e a nitidez. Apesar de não ter uma câmera telefoto, como a maioria dos topos de linha atuais, o app de câmera tem um modo de foto com 2x de zoom. É puramente um recorte do sensor principal de 50 MP, mas dá para tirar ótimos retratos de pessoas e objetos pequenos. Falando no modo retrato, esperava que o desfoque de fundo parecesse mais profissional, como acontece no Galaxy S22 e nos iPhones. Mas curti que ele faz a separação do objeto principal do fundo de forma muito precisa. E o interessante é não haver quase nenhuma perda de qualidade em relação ao modo normal. A câmera ultrawide também é muito agradável. Ao clicar ambientes externos, há poucas diferenças em relação à principal: as cores são vivas, o HDR é assertivo, e os cantos quase não possuem distorções. O sensor sofre apenas durante a noite, com bastante ruído, principalmente nas arestas. Em vídeos, o Zenfone 9 tem uma das melhores, senão a mais eficaz, estabilização que já usei. Fica bem próximo do modo ação do iPhone 14, por exemplo. Uma pena que esse modo de gravação é restrito a até 1080p@60 fps, ou 30 fps com HDR ativado. Minha única crítica nesse departamento é o software de câmera limitado em relação aos recursos. O smartphone não consegue gravar com fundo desfocado, ou usando todas as câmeras simultaneamente, apesar de ter capacidade para tal.
Bateria e carregamento
Bateria: 4.300 mAh Carregamento rápido: 30 W; Carregamento sem fio: não.
O Zenfone 9 me surpreendeu bastante nos testes de bateria. Embora o tanque seja de 4.300 mAh, o chipset Snapdragon 8+ Gen 1 é bastante eficiente em tarefas do dia a dia, não consumindo quase nada utilizando TikTok, Instagram e Twitter. Se você for um usuário moderado, ele aguenta até dois dias tranquilamente. Diego Sousa/Canaltech No nosso teste padrão de Netflix, sendo três horas de reprodução, com brilho e volume em 50%, e conectado apenas ao Wi-Fi, o aparelho consumiu 16% da bateria, o que é ótimo para uma configuração tão potente. No carregamento, o Zenfone 9 enche a bateria completamente em cerca de uma hora e 15 minutos, graças ao carregador de 30 W. Não é a velocidade mais alta, mas dá para o gasto. Uma coisa inaceitável é não haver suporte a carregamento sem fio. A Samsung já mostrou ser possível incluir a tecnologia em tampas de plástico.
Recursos extras e som
No som, o Zenfone 9 está entre os melhores smartphones que já testei. Feito em parceria com a Dirac, o sistema de som estéreo do celular da ASUS fica próximo do Pixel 7 Pro em definição e presença de graves. É muito melhor que o áudio da linha Galaxy S22, que peca justamente nas frequências baixas. Outra excelente notícia para quem prioriza áudio é a entrada e 3,5 mm para fones de ouvido, coisa cada vez mais incomum no segmento premium. Com relação aos recursos extras, o Zenfone 9 tem praticamente tudo o que um topo de linha requer: 5G dual SIM, Wi-Fi 6e, NFC — para pagamentos por aproximação —, Bluetooth 5.2, carregador de 30 W e capinha protetora, ambos incluídos na caixa.
Concorrentes diretos
O Zenfone 9 visa ser a opção mais interessante entre os topos de linha compactos. Neste setor, ainda bem enxuto, encontram-se os Galaxy S22 e o iPhone 14. Sei que esses dois modelos têm telas um pouco maiores, porém ainda são considerados pequenos em um mercado no qual os smartphones ficam cada vez maiores. Não entrarei em detalhes técnicos, pois os três conseguem realizar todas as tarefas das suas respectivas lojas com folga. Mas, comparando com o Galaxy S22, o Zenfone 9 só ganha na fluidez dos jogos e na bateria, pois tem tela menos brilhante, interface menos polida, construção mais básica e câmeras menos competentes. O iPhone 14 é outro modelo melhor que o Zenfone 9 na maioria dos quesitos, como na qualidade da tela, construção, sistema e câmeras. Sem falar do sistema iOS, que certamente é um diferencial para quem curte os celulares da Apple.
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No preço, o Zenfone 9 está bem equivalente ao S22, na faixa dos R$ 3.600. O iPhone 14 tem o preço mais salgado dos três, passando dos R$ 6.000. Na minha opinião, o Galaxy S22 tem o melhor custo-benefício, pois oferece mais por praticamente o mesmo preço do rival da ASUS.
Vale a pena comprar o Zenfone 9?
Eu já falei em outras oportunidades que esperava ver os smartphones compactos retornarem ao mercado como alternativa aos “verdadeiros” topos de linha, que ficam cada vez maiores ano a ano. O Zenfone 9 faz parcialmente esse papel, oferecendo potência de topo de linha, tecnologias atuais, boa tela, câmeras agradáveis, e boa autonomia de bateria, em um corpo pequeno. Mas a sensação que tive ao final dos testes foi de que celular da ASUS poderia ser muito mais que um simples topo de linha compacto. O que pesou foi a interface ZenUI sem polimento e recursos que não aproveitam toda a potência do aparelho. Não temos novidades como o modo DeX, da linha S22, nem muitas funções de câmeras. Se você não for um usuário que jogue títulos extremamente pesados ou emuladores, garanto que você não usará metade do que o celular pode oferecer. No final, se você procura um celular compacto que te ofereça uma experiência realmente premium, recomendo mais o Galaxy S22 que o Zenfone 9. Pode não ser tão potente e eficiente quanto o rival, mas tem tela, construção, sistema e recursos mais interessantes. Mas o celular da ASUS é bastante indicado se você não considera os celulares da Samsung e, ainda assim, procura um modelo pequeno.
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