Um repórter do NYT testou uma dessas plataformas, o BlackBerry Hub, e descobriu que ela dava acesso a informações como status de relacionamento, religião e inclinação política de seus 556 amigos. Além disso, ele conseguiu acessar os perfis de mais de 294 mil amigos de seus amigos. A permissão dada à BlackBerry é semelhante à que os aplicativos de terceiros tinham até 2014. Naquele ano, o Facebook impediu que esses apps tivessem acesso às informações de amigos dos usuários. No entanto, a rede social parece ter criado uma exceção às fabricantes. Como lembra a reportagem do NYT, a situação desmente a declaração feita por Mark Zuckerberg em seu depoimento ao Congresso americano. “Cada parte do conteúdo que você compartilha no Facebook é de sua propriedade”, disse. “Você tem total controle sobre quem o vê e como você o compartilha” Em resposta publicada em seu blog, o Facebook argumentou que a integração com os dispositivos era necessária para a época. Segundo a empresa, as parcerias atendiam ao interesse dos usuários, que queriam ter a opção de usar o Facebook em qualquer dispositivo. “A demanda pelo Facebook superou nossa habilidade de construir versões que funcionassem em todos os smartphones e sistemas operacionais. É difícil lembrar agora, mas naquela época não havia lojas de aplicativos”, disse Ime Archibong, vice-presidente de parcerias de produto do Facebook. Com a prática, o Facebook pode ter violado um acordo firmado em 2011 com a FTC (Federal Trade Commission), que obrigava a plataforma a ter o consentimento dos usuários se desejasse se sobrepor às configurações de privacidade definidas previamente.
Neste caso, informações sobre muitos amigos de usuários podem ter sido exibidas sem autorização em plataformas como o BlackBerry Hub. O Facebook garante que controlou o que as APIs davam acesso e lembra que a integração impedia o uso dos dados para qualquer fim que não seja o de recriar a experiência da rede social. “Ao contrário do que afirma o NYT, informações de amigos, como fotos, eram acessíveis somente quando a pessoa decidia compartilhar suas informações com esses amigos”, continuou Archibong. O executivo afirmou ainda que o Facebook “não está ciente de qualquer abuso dessas empresas”. Já a Microsoft usou a parceria para permitir que seus usuários pudessem adicionar contatos e receber notificações. A empresa afirma que os dados eram armazenados no smartphone e não eram sincronizados com seus servidores. Desde abril, o Facebook está descontinuando boa parte dessas integrações. “Agora que o iOS e o Android são tão populares, menos pessoas confiam nessas APIs para criar experiências sob medida no Facebook”, disse Archibong. Até o momento, 22 parcerias com fabricantes foram encerradas. Com informações: Engadget.